sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

rato



Rato de rua
irrequieta criatura
tribo em frenética proliferação
lúbrico, libidinoso transeunte
boca de estômago atrás do seu quinhão

Vão aos magotes a dar com um pau
levando o terror do parking ao living
do shopping center ao léu
do cano de esgoto pro topo do arranha-céu

Rato de rua, aborígene do lodo
fuça gelada, couraça de sabão
quase risonho
profanador de tumba
sobrevivente à chacina e à lei do cão

Saqueador da metrópole
tenaz roedor de toda esperança
estuporador da ilusão
Ó meu semelhante, filho de Deus, meu irmão

Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato