sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Onde queres revólver sou coqueiro e onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada nada falta e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas o chão minha alma salta e ganha liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco e onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez, e onde vês eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo eu sou o irmão e onde queres cowboy eu sou chinês
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói e onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido sou herói
Eu queria querer-te amar o amor, construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés e vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo e onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua eu sou o sol e onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério eu sou a luz e onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro e onde queres coqueiro sou obus
O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal e eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total do querer que há e do que não há em mim
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor